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Confirmação do Clichê na PetroTiger

PetroTiger2 [1]

A versão original desse blog post foi escrita em Inglês. A tradução foi realizada por Merrill Brink International [2].

comunicado de imprensa [3] do DOJ sobre a PetroTiger é como uma caricatura exagerada de um caso de FCPA: altos executivos de uma empresa de petróleo e gás formada nas Ilhas Virgens Britânicas, com escritórios em Nova Jersey e operações na Colômbia, supostamente pagaram cerca de US$ 250.000 a uma autoridade do governo colombiano em troca de contratos lucrativos com o governo. É tentador adicionar: bem, obviamente.

Mas os estereótipos são atalhos não confiáveis ​​, e o DOJ e a SEC dão crédito a empresas com programas de compliance da FCPA baseados no risco – não em estereótipos. Com isso em mente, este blog aborda algumas red flags ou sinais de alerta aparentes neste caso e uma nova questão que ele apresenta.

Mas, primeiro, o básico: em 6 de janeiro, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou acusações criminais de FCPA, lavagem de dinheiro e fraude eletrônica contra dois ex-Presidentes da PetroTiger Ltd. O MPF anunciou simultaneamente que o ex- Diretor Jurídico da PetroTiger (que se encontra, presumivelmente, a cooperar com o MPF) se declarou culpado de uma acusação de conspiração. As acusações dizem respeito a dois esquemas diferentes. O primeiro foi o pagamento de propinas a uma autoridade colombiana em troca de aprovação do governo de contratos, e o segundo foi a obtenção de pagamentos de propina de uma empresa que a PetroTiger pretendia adquirir. Os executivos também foram acusados ​​em ligação com suas tentativas de lavagem do dinheiro proveniente de ambos os esquemas.

As Red Flags

Um dos princípios fundamentais da compliance da FCPA é avaliar adequadamente os riscos de corrupção [4], e as acusações à PetroTiger mostram a presença de várias red flags de corrupção. Em primeiro lugar, o setor de petróleo e gás é uma indústria com risco muito elevado de corrupção. De acordo com o banco de dados Where the Bribes Are [5] (Onde se Encontram as Propinas), do Grupo Mintz, o setor energético foi responsável por mais de US$ 2.12 bilhões em penalidades da FCPA desde 1977. Isso é quase metade do total de US$ 4.84 bilhões em penalidades da FCPA já impostas a partir de julho de 2013.

Da mesma forma, a obtenção de contratos de grande valor com o governo é o típico exemplo de atividade com alto risco de corrupção. O FCPA Resource Guide [6] se refere ao montante da transação como um indicativo de risco. A obtenção de licenças e autorizações do governo, por sua vez, também representam cenários de risco [7].

Outra red flag clássica [8] aparente das acusações sobre a PetroTiger envolve contratos com os membros das famílias de autoridades públicas. De acordo com as acusações, os executivos da PetroTiger tentaram esconder suas propinas, criando uma justificativa falsa para elas: compensação por serviços de consultoria realizados pela esposa de um membro-chave do governo. As acusações afirmam que os serviços nunca foram prestados, mas que os executivos da PetroTiger reforçaram a sua posição com faturas falsas apresentadas pela esposa do membro do governo.

E, finalmente, a entidade da PetroTiger nas Ilhas Virgens Britânicas merece uma segunda olhada para ver se é uma empresa de fachada [8]. As ligações entre empresas de fachada e corrupção são cada vez mais claras, como mostra um estudo [9] de 2011 do Banco Mundial. O uso de empresas de fachada offshore e outras estruturas corporativas opacas deve ser considerado um indicador de risco de corrupção e avaliado em conformidade.

Propinas à PetroTiger

Em uma reviravolta interessante, o alegado esquema de propina da PetroTiger virou o cenário habitual de corrupção da FCPA de cabeça para baixo. De acordo com as acusações, os executivos da PetroTiger procuraram enriquecer-se às custas de seus parceiros de investimento aceitando propinas de uma empresa que a PetroTiger pretendia adquirir. Isto tem conseqüências potenciais além da mera ironia – Nova Jersey tem um estatuto de suborno comercial que proíbe a solicitação ou a aceitação de vantagens indevidas por dirigentes e advogados corporativos. Como resultado, esse esquema pode resultar em acusações por violações da Lei de Viagens contra os executivos da PetroTiger (para saber mais sobre como isso funcionaria, veja aqui [10].)

Mais por vir?

Quando as acusações são feitas contra dois Presidentes e um Diretor Jurídico por atividade que envolve tanto o pagamento como a solicitação de propinas, é provavelmente seguro assumir que a PetroTiger não tinha uma grande “gestão de topo” da FCPA. Mas teremos que esperar para ver se a própria PetroTiger enfrentará sanções da FCPA. Por enquanto, o foco está nos executivos.

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