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Dez Regras para Entrevistas de Investigação Interna Efetivas

Author: Matteson Ellis

A versão original desse blog post foi escrita em Inglês. A tradução foi realizada por Merrill Brink International.

A realização de entrevistas é uma habilidade vital para os investigadores internos da FCPA. Depois de analisar e-mails intermináveis, memorandos técnicos e livros contabilísticos, quase sempre temos que falar diretamente com alguém a fim de investigar integralmente potenciais violações da FCPA.

Muitas vezes, o objetivo primordial dessas entrevistas é obter o máximo de informações possível sobre o assunto subjacente. Aqui estão as minhas dez regras para garantir que isso aconteça.

1. Preparação é metade da batalha – talvez mais. A diferença entre uma entrevista bem planejada e aquela em que o entrevistador improvisa é como noite e dia. E está muito em jogo. Fatos surpreendentes podem vir à tona durante as entrevistas “de rotina”, e os entrevistadores muitas vezes têm apenas uma oportunidade para se encontrar com uma testemunha. Um esboço de entrevista bem pensado pode mantê-lo na linha e impedi-lo de não abordar assuntos importantes depois que a entrevista estiver correndo. Uma boa preparação também ajuda a mostrar que você toma a entrevista e o entrevistado a sério, o que ajuda a estabelecer empatia.

2. Estabelecer empatia. Como Raúl Saccani, Chefe da Perícia Contábil na KPMG Argentina, diz: o entrevistado vai estar nervoso no início da entrevista, independentemente de tudo. Nervosismo muitas vezes se traduz em uma hesitação para compartilhar informações totalmente, o que pode fazer uma entrevista difícil e limitar o seu sucesso. Para romper essa resistência, é preciso estabelecer empatia. Há muitas maneiras de fazer isso, mas eu acho que ser claro, respeitoso e justo faz maravilhas. Especificamente, eu tento descrever o propósito da entrevista ao entrevistado e arranjar tempo para responder a perguntas. Eu também tento fazer perguntas que são objetivas e não orientadas ou excessivamente tendenciosas. Quando tudo for dito e feito, eu pergunto se o entrevistado tem mais alguma coisa a acrescentar.

3. Saber quando interromper a testemunha. Às vezes, fazendo com que o entrevistado fale não é o problema. Os entrevistados muitas vezes deambulam sobre temas que consideram seguros ou interessantes. Os entrevistadores precisam estar atentos a distrações e atrasos, e devem estar preparados para conseguir que a entrevista volte ao curso de forma educada mas firme.

4. Cuidado com a falácia do procurador federal. Alguns dizem que os ex-procuradores federais estão melhor posicionados para conduzir entrevistas em investigações internas da FCPA, dada a sua experiência passada. Um deles é o meu amigo e colega Mike Volkov, um ex-procurador e com quem concordo em cerca de 95% do tempo (para usar uma frase do guru do cumprimento com a FCPA, Howard Sklar). De acordo com a minha experiência, no entanto, ex-procuradores federais (que são, invariavelmente, advogados inteligentes, talentosos e dedicados) muitas vezes abordam as entrevistas de forma agressiva, como se estivessem procurando confissões, em vez das informações mais abertas que resultam de um bom relacionamento. Isto certamente não é sempre verdade – muitos, como o Mike, facilmente saltam para entrevistas privadas. A lição maior é que os entrevistadores devem prestar atenção a seus próprios preconceitos. Se você já aprendeu a investigar com o apoio do governo federal, pode precisar de ajustar sua abordagem para quando já não falar em representação do governo.

5. Use provas documentais para verificar. Quer baseado em um mal-entendido ou em má intenção, algumas testemunhas podem olhar diretamente nos olhos e dizer-lhe algo que não é verdade. Para lidar com isso, é importante conhecer seus documentos e ter provas fundamentais na mão durante a entrevista. Uma testemunha não pode fugir a um e-mail, fatura ou memorando e, depois de você ter puxado algum destes da manga, muitas vezes param de esconder a verdade. Mesmo quando um entrevistado tenta ser prestável, os documentos podem ajudar a recuperar a memória ou a verificar a credibilidade e precisão das respostas.

6. Entreviste uma pessoa de cada vez. As testemunhas, por vezes, vão pedir para serem entrevistadas em conjunto. Pode haver motivos razoáveis ​​para isso – elas podem querer a contribuição de um colega para contar toda a história. Mas é improvável que você obtenha perspectivas não filtradas, evidências ou opiniões contraditórias se as pessoas são entrevistadas em conjunto. Intencionalmente ou não, as testemunhas tendem a coordenar suas respostas quando entrevistadas em conjunto.

7. Realizar entrevistas fora do local de trabalho sempre que possível. Ao realizar uma entrevista fora do local, o entrevistado é retirado do seu contexto habitual e age de forma diferente. Assim, será mais provável obter os pensamentos imparciais que os entrevistados compartilham com seus amigos ou cônjuges, se eles não estão no trabalho. Será também mais provável que você obtenha opiniões importantes se o entrevistado não vir a pessoa sobre a qual está falando logo que você abrir a porta. James Tillen, Coordenador do Grupo de Práticas de Anticorrupção e da FCPA, da Miller & Chevalier, diz: “Particularmente, onde há acusações contra a gerência sênior em um local, eu gosto de realizar entrevistas fora do escritório do cliente – por exemplo, em uma sala de conferências de um hotel. Os trabalhadores podem ser mais prestáveis quando a gerência sênior não está por perto”. Eu também sinto que percebo melhor o comportamento e a credibilidade de um entrevistado quando o entrevisto fora do local de trabalho.

8. Não vá sozinho. Traga um colega ou um assistente para tomar notas. Entrevistas gravadas podem ser um problema. Muitas vezes, os clientes preferem que seus trabalhadores não sejam gravados e, mesmo quando é permitido, a gravação pode tornar uma testemunha nervosa e pouco comunicativa. Por outro lado, ouvir, tomar notas e fazer perguntas são demasiadas tarefas para um entrevistador. Traga alguém cujo trabalho é fazer uma gravação. Quanto melhor informada essa pessoa esteja, mais provável é que ela registre os fatos que você precisa e faça boas perguntas de acompanhamento.

9. Esteja pronto para ser criativo: as entrevistas costumam ter voltas e reviravoltas. Novas informações criam novas pistas, e o entrevistador deve estar pronto para se ajustar e reagir rapidamente. Que perguntas surgem como resultado? Que novos assuntos precisam ser abordados? Preparação é a chave para ver e aproveitar estas oportunidades.

10. Não se esqueça do caso Upjohn: O aviso de Upjohn é essencial. O entrevistador deve explicar que ele ou ela é o advogado da empresa e não o próprio advogado pessoal do entrevistado. O Comitê para Crimes de Colarinho Branco da Seção de Justiça Criminal da ABA apresentou uma perspectiva útil do que é necessário. O entrevistador experiente normalmente pode dar esse aviso, sem comprometer o relacionamento com o entrevistado.

As opiniões expressas nesse post são pessoais do(s) autor(es) e não necessariamente são as mesmas de quaisquer outras pessoas, incluindo entidades de que os autores são participantes, seus empregadores, outros colaboradores do blog, FCPAméricas e seus patrocinadores. As informações do blog FCPAméricas têm fins meramente informativos, sendo destinadas à discussão pública. Essas informações não têm a finalidade de proporcionar opinião legal para seus leitores e não criam uma relação cliente-advogado. O blog não tem a finalidade de descrever ou promover a qualidade de serviços jurídicos. FCPAméricas encoraja seus leitores a buscarem advogados qualificados a fim de consultarem sobre questões anticorrupção ou qualquer outra questão jurídica. 

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Matteson Ellis

Post authored by Matteson Ellis, FCPAméricas Founder & Editor

Categories: Argentina, FCPA, Investigações Internas, Português

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