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Investigações Corporativas na América Latina, de acordo com Jim Mintz

Author: Matteson Ellis

MintzPicA versão original desse blog post foi escrita em inglês. A tradução não foi realizada pelo autor.

A FCPAméricas recentemente se reuniu com Jim Mintz, que dirige a empresa de investigações globais, Mintz Group, para saber seus pensamentos sobre as investigações corporativas na América Latina.

Descreva sua abordagem para investigações corporativas.

Advogados e investigadores começam cada caso sabendo pouco ou nada sobre a empresa e o problema. É como estar do cercado por uma parede alta. Começamos a procurar rachaduras na parede, fazendo nosso dever de casa, conversando com o cliente, reunindo documentos. E nós encontramos algumas fendas nesta parede. Estes casos são muitas vezes tão complexos que, depois de atravessar para o outro lado, nos encontramos na camada exterior de um labirinto de eventuais irregularidades dentro de um ambiente corporativo. Nosso trabalho é atravessar este labirinto e chegar à verdade.

A arte da investigação não é uma habilidade singular. É uma jornada que você trilha e que frequentemente envolve relacionar-se com pessoas que irão cooperar e guiá-lo através do complexo labirinto. Não é simplesmente levar a pessoa para responder perguntas. Você precisa de sua orientação e que elas te apresentem para outros. Você precisa de sua ajuda para falar a língua da indústria e da empresa, especialmente conforme você vai mais fundo para chegar à essência do que aconteceu.

Na América Latina, muitas de nossas investigações evolvem afastar os advogados e focar em relacionamentos e fluxos de capitais que se encontravam inicialmente, ocultos. Muitas vezes, descobrimos que somos os primeiros “levantadores de fatos” que adentram determinado ambiente corporativo. E isso ocorre porque as autoridades e os promotores locais costumam ter uma atuação fraca na América Latima. Apesar de algumas investigações que chegam bem fundo, as empresas da região não estão acostumadas a esse tipo de abordagem.

Quais são os desafios específicos com investigações corporativas na América Latina?

Um dos principais desafios para investigações corporativas na América Latina é que muitas vezes há muito poucos registros disponíveis, de modo que você precisa levar as pessoas a contar detalhes com franqueza. Para complicar, a informação pode não estar com o cliente. Em vez disso, a resposta está lá fora, em algum lugar no mundo. Pode ser na cabeça de terceiros relutantes sobre os quais advogados e investigadores têm pouco poder – talvez ex-funcionários, consultores de terceiros, fornecedores ou outros. Poderíamos estar buscando informações de ex-colegas de uma pessoa, antigos parceiros ou concorrentes. Isso requer que pessoas de fora falem com você.

Em situações como esta, não temos nenhum poder sobre os entrevistados – eles podem simplesmente desligar o telefone ou bater a porta na nossa cara a qualquer momento. Diante disso, treinamos nossos investigadores para construir relacionamentos com as pessoas para descobrir o que eles sabem sobre um tópico específico, e para obter a sua ajuda na investigação de um mundo que eles entendem. Uma grande entrevista acontece quando alguém conta histórias detalhadas – preenchidas com nomes, datas e valores – histórias que podem ir muito além do que já sabíamos para perguntarmos sobre. Uma chave para esse tipo de sucesso é nos apresentarmos adequadamente para a pessoa e estabelecermos alguma medida de confiança antes de começar pedindo qualquer coisa. Uma estratégia que frequentemente usamos é: “estou trabalhando duro nisto, mas preciso de sua ajuda.”

Quais os erros comuns que entrevistadores costumam fazer?

Muitos entrevistadores estão bem preparados e vêm com uma lista de perguntas já pronta, mas às vezes eles começam a disparar as perguntas muito cedo, antes que a pessoa se sinta confortável. Em vez disso, ele mostra respeito ao perguntar a uma pessoa em primeiro lugar para lhe ajudar, sem uma pergunta específica: “Vamos começar pelo começo…” ou “Isso ajudaria a obter uma informação sobre…” Um erro comum é quando os entrevistadores começam perguntando informações pessoais ao entrevistado, como se a entrevista fosse um depoimento. Não importa o quão sutilmente isso seja feito, muitas vezes corrói a confiança, sinalizando que você está investigando o entrevistado, ao invés de procurar sua ajuda em um universo que ele conhece. Às vezes levamos horas em uma entrevista até que detalhes pessoais sejam esclarecidos, como o título que a pessoa mantinha.

Como seu trabalho tem se desenvolvido na America Latina?

O negócio de investigações tem explodido na América Latina, pelo fato das negociações internacionais ainda ser algo muito robusto. O trabalho também está começando a vir de empresas latino-americanas que saem para outras áreas do mundo. Nós costumamos fazer a seguinte observação: “Quanto mais longe de casa você for para fazer um acordo, mais trabalho investigativo você precisa fazer para fora.” Achamos que isso se aplica tanto se a empresa é dos Estados Unidos ou da América Latina.

As opiniões expressas nesse post são pessoais do(s) autor(es) e não necessariamente são as mesmas de quaisquer outras pessoas, incluindo entidades de que os autores são participantes, seus empregadores, outros colaboradores do blog, FCPAméricas e seus patrocinadores. As informações do blog FCPAméricas têm fins meramente informativos, sendo destinadas à discussão pública. Essas informações não têm a finalidade de proporcionar opinião legal para seus leitores e não criam uma relação cliente-advogado. O blog não tem a finalidade de descrever ou promover a qualidade de serviços jurídicos. FCPAméricas encoraja seus leitores a buscarem advogados qualificados a fim de consultarem sobre questões anticorrupção ou qualquer outra questão jurídica. FCPAméricas autoriza o link, post, distribuição ou referência a esse artigo para qualquer fim lícito, desde que seja dado crédito ao(s) autor(es) e FCPAméricas LLC.

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Matteson Ellis

Post authored by Matteson Ellis, FCPAméricas Founder & Editor

Categories: Due Diligence, FCPA, Investigações Internas, Português

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