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PDVSA no centro dos Esforços Internacionais Anticorrupção

ve$pdvsa [1]A versão original desse blog post foi escrita em inglês. A tradução não foi realizada pelo autor. Este guest post é de autoria também de Maryna Kavaleuskaya [2], Law Clerk no Miller & Chevalier Chartered.

Como diversas autoridades coatoras de diferentes países responsabilizam uma das maiores produtoras de petróleo do mundo por anos de corrupção institucionalizada? Relatos da imprensa a respeito das investigações sobre a Petroleos de Venezuela S.A. (“PDVSA”), empresa estatal de petróleo da Venezuela, sugerem diversas respostas. As autoridades têm ido atrás de ex-líderes da empresa que moram fora da Venezuela. O foco dessas autoridades está na lavagem de dinheiro, bem como em crimes de suborno. Elas instauraram processos contra bancos que auxiliaram tais ex-líderes. O foco delas recai também em outras pessoas conectadas aos esquemas de suborno, e cooperam umas com as outras. As investigações sobre a PDVSA parecem ser uma iniciativa extraordinária que, até agora, envolve autoridades dos Estados Unidos, Andorra, Espanha e Suíça.

Esforços dos Estados Unidos. De acordo com o Wall Street Journal [3], as investigações atuais do governo dos EUA visam determinar se os líderes da Venezuela desviaram bilhões de dólares por meio da PDVSA e se eles também utilizaram a PDVSA para “esquemas de câmbio no mercado negro e lavagem de dinheiro do tráfico de drogas”. Nos Estados Unidos, seis pessoas já se declararam culpadas.

Além disso, há relatos de que o governo dos EUA está investigando outra empresa de energia venezuelana, a Derwick Associates.

Outros Esforços Internacionais. As acusações feitas pelos EUA que foram tornadas públicas podem ser apenas o começo. Outros esquemas da PDVSA ainda podem ser revelados. A esse respeito, governos estrangeiros parecem estar também intensificando seus esforços.

As autoridades de Andorra estão investigando transações suspeitas que envolvem autoridades venezuelanas. Elas prenderam o CEO do Banca Privada d’Andorra (“BPA”) por acusações de lavagem de dinheiro que se acreditam estar ligadas à PDVSA. Por várias vezes, o BPA esteve presente no radar do governo dos EUA. Em 10 de março de 2015, a Rede de Investigação de Crimes Financeiros do Departamento do Tesouro dos EUA (“FinCEN”) denominou [6]o BPA como uma Instituição Financeira Estrangeira de grande preocupação por lavagem de dinheiro e emitiu um Aviso de Proposta de Regulamentação. Em parte, essa decisão se baseou em informações sobre o papel do BPA na lavagem de dinheiro de fundos no valor de aproximadamente USD 2 bilhões desviados da PDVSA. Essa decisão foi posteriormente descartada [7]pela FinCen em 19 de fevereiro de 2016, quando as autoridades dos EUA consideraram que o plano de remediação do banco era suficiente.

relatos [8]de que autoridades de aplicação da lei da Espanha deram início a uma investigação sobre suspeitas de corrupção e desvio de dinheiro envolvendo, pelo menos, três ex-ministros da Venezuela, o ex-chefe da inteligência, um executivo da PDVSA e um empresário próximo do ex-presidente Chávez. De acordo com as autoridades, essas pessoas são clientes da afiliada espanhola do BPA.

O governo da Suíça também concordou em fornecer informações sobre as transações relacionadas à PDVSA às autoridades dos EUA. De acordo com os relatos, as autoridades suíças concordaram em fornecer aos procuradores americanos os registros de, pelo menos, 18 bancos ligados às transações entre os bancos, pessoas e empresas suspeitos [9]de envolvimento nas atividades criminosas relacionadas à PDSVA. Há relatos de que o pedido de informações de oito bancos foi recebido pelo Setor de Fraudes do Departamento de Justiça dos EUA e de que os pedidos de informações relacionados a 18 bancos foi recebido pelo procurador americano Preet Bharara. No momento, não há indicações de que as informações solicitadas já teriam sido entregues aos investigadores americanos pelo governo da Suíça.

Como fica o governo da Venezuela. Em meio a esses processos e investigações, o governo da Venezuela tem negado insistentemente as alegações de corrupção generalizada. O governo atribuiu as investigações a esforços para desestabilizar a Venezuela, um país que passa por uma grave crise política e econômica. Há quem acredite que os antigos e mesmo os atuais funcionários da PDVSA, bem como outras entidades relacionadas, poderiam ter algum incentivo ao buscar a cooperação com os EUA e outras autoridades. Isto porque não está claro por quanto tempo o atual governo será capaz de manter sua autoridade no país. Um novo governo poderia adotar uma abordagem diferente em relação à PDVSA, talvez com uma iniciativa própria de investigar atos ilícitos anteriores. Essas pessoas poderiam ter achado mais vantajoso resolver tais atos ilícitos anteriores imediatamente, antes que a situação fique pior.

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