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“Círculo de Confiança” de Compliance Latino Americano

Author: Matteson Ellis

circle of trust

A versão original desse post foi escrita em Inglês. A tradução não foi realizada pelo autor.

Compliance Officers bem-sucedidos na América Latina dizem, com frequência, que a lição mais importante para um compliance eficaz é estabelecer relações positivas com as unidades de negócios de uma empresa. Patrick Henz, o Compliance Officer das Americas do Primetals Technologies, descreve a necessidade de estabelecer um “círculo de confiança.” O Global Ethics & Compliance Director da Weatherford, Marco Padilla, descreve de forma semelhante como esta relação deve ser construída: com confiança, onde os empregados sentem que eles estarão em melhor situação se revelarem um problema do que se não o fizerem – o que ele chama de “socio confiável de negócios”. O Compliance funciona melhor na América Latina quando os relacionamentos são colaborativos, e não estáticos.

Se, por outro lado, o responsável pelo Compliance é visto como uma ameaça, a função de Compliance corre o risco de desabar. Os funcionários não irão procurar orientação quando houver um problema ou, pior ainda, eles podem optar por esconder certas transações para evitar o escrutínio potencial, mesmo se estas transações forem inteiramente legítimas, minando uma cultura de transparência. Também pode haver um efeito de reação, onde os funcionários propensos a atos criminosos se sintam mais compelidos a realmente praticá-los devido ao muro que existe entre os responsáveis pelo compliance e o pessoal que gera negócios em uma empresa.

Se não considerada, a divisão pode crescer e se tornar uma hostilidade. Em determinada ocasião, um americano foi levado a uma empresa mexicana para implementar medidas de compliance, e começou seu trabalho com um workshop de “introdução” de dois dias sobre leis acerca de corrupção. O instrutor falou somente em inglês e não mostrou interesse em estabelecer uma conexão pessoal com os empregados. No segundo dia, os empregados apareceram vestindo camisetas do time de futebol mexicano. Quando o instrutor perguntou se o México estava jogando naquele dia, os empregados riram. Eles haviam usado as camisas como uma forma de oposição ao recém-chegado, a quem muitos associaram com o “Imperialismo Ianque”, uma atitude histórica em direção a agressiva invasão dos Estados Unidos em assuntos mexicanos. Este pequeno episódio ilustra que, na América Latina, normas locais devem ser conhecidas se um aplicador de Compliance quiser quebrar o gelo. Se não for mostrado respeito, a aplicação de Compliance pode vir a falhar.

Gerentes de Compliance precisam se tornar conselheiros e parceiros confiáveis das unidades de negócios. Eles precisam ser vistos como recursos para orientação e suporte. E como alguém constrói este círculo de confiança na América Latina? Aqui estão duas estratégias que tendem a funcionar bem.

Dê o toque pessoal. Alguns profissionais de Compliance na região saem de suas zonas de conforto para dar o toque pessoal. Eles se sentam pessoalmente com os empregados e os convidam para cafés, além de fazerem visitas às unidades distantes da sede. Eles também podem fazer o mesmo com parceiros de negócios, marcando visitas pessoais nas quais eles descrevem em detalhes o programa de Compliance da empresa. Eles podem explicar a estes terceiros a natureza de responsabilidade indireta para demonstrar por que a própria existência de uma relação comercial é um fator de risco. Fazer um esforço pessoal para explicar as leis e tendências por trás do Compliance também facilita um relacionamento cooperativo.

Um profissional de Compliance na região conta sobre como ter mantido a porta de sua sala totalmente aberta e com uma vasilha de doces sobre a mesa resultou em visitas frequentes de colegas que paravam para conversar, o que serviu para fortalecer a função de Compliance. Um outro conta como encontros pessoais com um empregado inspirou este a fazer uma apresentação sobre ética em sua universidade. Na América Latina, o contato pessoal pode levar mais longe.

Garanta a Capacitação. A burocracia é uma característica comum nos negócios da América Latina, e é muito fácil para um aplicador de compliance cair na armadilha de ser percebido como apenas mais uma formalidade. Uma maneira de as empresas evitarem essa percepção é capacitando seus profissionais de Compliance de forma significativa. Em vez de servir como mais um posto de controle na burocracia de uma empresa, pode ser dado ao Compliance uma voz de liderança na organização. Esses profissionais devem poder tomar decisões sobre quando ocorrem violações de políticas. Pode ser dada a eles a capacidade de congelar o andamento de uma operação de alto risco ou, pelo menos, fornecer-lhes uma voz forte para influenciar os executivos que dão a última palavra.

Senhor Padilla explica: “Há um ditado no México que se deve colocar confiança cega em três pessoas na vida: o seu médico, o seu mecânico, e seu advogado. Hoje em dia você precisa adicionar o seu Compliance Officer para a lista “.

As opiniões expressas nesse post são pessoais do(s) autor(es) e não necessariamente são as mesmas de quaisquer outras pessoas, incluindo entidades de que os autores são participantes, seus empregadores, outros colaboradores do blog, FCPAméricas e seus patrocinadores. As informações do blog FCPAméricas têm fins meramente informativos, sendo destinadas à discussão pública. Essas informações não têm a finalidade de proporcionar opinião legal para seus leitores e não criam uma relação cliente-advogado. O blog não tem a finalidade de descrever ou promover a qualidade de serviços jurídicos. FCPAméricas encoraja seus leitores a buscarem advogados qualificados a fim de consultarem sobre questões anticorrupção ou qualquer outra questão jurídica. FCPAméricas autoriza o link, post, distribuição ou referência a esse artigo para qualquer fim lícito, desde que seja dado crédito ao(s) autor(es) e FCPAméricas LLC.

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Matteson Ellis

Post authored by Matteson Ellis, FCPAméricas Founder & Editor

Categories: Compliance Anticorrupção, FCPA, México, Português

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1 Comment

Comments

One Response to ““Círculo de Confiança” de Compliance Latino Americano”

  1. Patrick Henz Says:

    Obrigado Matt por incluir as minhas ideias, foi um prazer de falar com você em México.

    Também parabéns pelo todo o equipe. Não só escreve sobre a importância de entender e respeitar a cultura local, mais o pratica com publicar os artículos nas três idiomas.

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