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Realização de Treinamento da FCPA Eficaz na América Latina

Author: Carlos Ayres

FCPA.training.latin.americaA versão original desse blog post foi escrita em Inglês. A tradução foi realizada por Merrill Brink International.

Um dos elementos mais importantes de um programa de compliance robusto é o treinamento. Como mencionado no Guia de Recursos para a FCPA, “A DOJ e a SEC vão avaliar se a empresa tem tomado medidas para garantir que as políticas e os procedimentos relevantes foram comunicados por toda a organização, incluindo através do treinamento contínuo.”

Além disso, a mera realização de treinamento não é suficiente. O Guia de Recursos menciona que ” independentemente da forma como uma empresa opta por realizar seu treinamento, a informação deve ser apresentada de uma forma adequada para o público-alvo.” A FCPAméricas abordou anteriormente a questão do treinamento aqui, aqui, e aqui.

Existem medidas práticas que as empresas podem tomar para maximizar a eficiência de seu treinamento da FCPA na América Latina e garantir que elas são “adequadas para o público-alvo”. Aqui se encontram oito:

1. Identificar o público-alvo. Frequentemente, as empresas preparam materiais de treinamento para seus “trabalhadores latino-americanos”. Tais treinamentos, no entanto, muitas vezes ignoram as necessidades, o nível de sofisticação e a exposição ao risco dos diferentes públicos (por exemplo, a gestão local, legal, equipe de vendas, pessoal da contabilidade). Se o público “latino-americano” não executar uma função uniforme, as empresas devem considerar a possibilidade de diferentes tipos de treinamento para diferentes grupos dentro desse público.

2. Usar a língua local. As empresas devem fornecer treinamento e materiais de treinamento na língua local. O uso da língua local não só irá permitir que os trabalhadores compreendam o treinamento (muitas pessoas na região não falam inglês ou outras línguas estrangeiras), como também irá incentivar a participação ativa no treinamento. Mesmo quando os trabalhadores locais falam inglês, eles tendem a fazer mais perguntas e expressar mais preocupações quando o treinamento é realizado em sua língua nativa.

3. Fazer referência a casos da FCPA na região. Quando os trabalhadores locais de empresas sujeitas à FCPA receberem treinamento da FCPA, eles podem sentir que a lei está longe de sua própria realidade, e que nunca será aplicada a eles. Para fazer a FCPA uma preocupação mais palpável, as empresas devem se referir a exemplos da FCPA que surgem no país ou região onde o treinamento está sendo realizado. Por exemplo, se o treinamento é na Argentina, a empresa pode querer passar algum tempo no caso de Ralph Lauren, descrito aqui. Se for no Brasil, a empresa pode querer discutir os casos da Nature’s Sunshine e da Biomet, descritos aqui. Quanto mais próximos os casos estão da realidade dos trabalhadores (por exemplo, em uma mesma indústria, os indivíduos desempenham papéis semelhantes), mais eficaz é o treinamento.

4. Fazer referência às leis e autoridades locais. As empresas também devem se referir às leis anticorrupção locais durante os treinamentos da FCPA. Isso vai lembrar os trabalhadores que, além da FCPA, as leis locais podem se também aplicar à sua conduta. Além disso, se os dados sobre a aplicação local das leis anticorrupção estiverem disponíveis e mostrarem uma aplicação consistente, eles podem servir como uma ferramenta adicional para convencer os trabalhadores a cumprir as leis anticorrupção. Por exemplo, as empresas que realizam o treinamento no Brasil podem querer mencionar que, entre 2008 e 2012, o número de indivíduos condenados por corrupção ativa e passiva e crimes correlatos no país aumentou 133%. Esses dados também podem ajudar a convencer os trabalhadores de que os esforços anticorrupção não se limitam à FCPA.

5. Adaptar materiais de treinamento para a cultura local. Materiais de treinamento para filiais latino-americanas de empresas norte-americanas, muitas vezes consistem em versões traduzidas dos materiais utilizados na sede, sem quaisquer adaptações. Estes materiais muitas vezes não consideram contextos locais e podem não se relacionar com os participantes. Por exemplo, uma hipotética situação em que um agente judicial é levado a um jogo de beisebol pode parecer estranha no Brasil ou na Argentina, e reforçar a perceção de que as questões da FCPA são exóticas e distantes da realidade do trabalhador local. Adaptando este exemplo para se referir a levar um agente para um jogo da Copa Libertadores (principal torneio internacional de futebol da América do Sul) poderia fazer esta parte do treinamento parecer mais tangível e imediata.

6. Incluir cenários da vida real. As empresas devem incluir situações hipotéticas que são semelhantes a situações em que os trabalhadores locais podem ser encontrados em seus trabalhos. Esta é uma ferramenta útil para mostrar aos trabalhadores como situações podem surgir dentro de seu próprio mundo. Esta parte do treinamento muitas vezes gera fortes discussões que aumentam a conscientização global sobre a anticorrupção.

7. Não exagerar nos slides. Materiais de treinamento preparados por empresas muitas vezes contêm demasiados slides, com demasiado texto. Essa abordagem normalmente não funciona na região. Os trabalhadores tendem a ler os slides enquanto falham pontos importantes da apresentação. É melhor limitar o texto nos slides para transmitir as ideias principais. Também ajuda incluir material visual (por exemplo, imagens) nos slides, para tornar a apresentação mais amigável e chamar a atenção dos trabalhadores.

8. Não ser demasiado formal. Para treinamentos na América Latina, é importante ter um estilo de apresentação de nível médio. Para garantir que a audiência está à vontade para fazer perguntas, a apresentação não deve ser excessivamente formal. Ao mesmo tempo, não pode ser excessivamente relaxada. Isso tiraria credibilidade ao treinador e à gravidade do assunto.

As opiniões expressas nesse post são pessoais do(s) autor(es) e não necessariamente são as mesmas de quaisquer outras pessoas, incluindo entidades de que os autores são participantes, seus empregadores, outros colaboradores do blog, FCPAméricas e seus patrocinadores. As informações do blog FCPAméricas têm fins meramente informativos, sendo destinadas à discussão pública. Essas informações não têm a finalidade de proporcionar opinião legal para seus leitores e não criam uma relação cliente-advogado. O blog não tem a finalidade de descrever ou promover a qualidade de serviços jurídicos. FCPAméricas encoraja seus leitores a buscarem advogados qualificados a fim de consultarem sobre questões anticorrupção ou qualquer outra questão jurídica. FCPAméricas autoriza o link, post, distribuição ou referência a esse artigo para qualquer fim lícito, desde que seja dado crédito ao(s) autor(es) e FCPAméricas LLC.

© 2013 FCPAméricas, LLC

Carlos Henrique da Silva Ayres

Post authored by Carlos Henrique da Silva Ayres, FCPAméricas Contributor

Categories: Compliance Anticorrupção, FCPA, Guia do FCPA, Português, Treinamentos

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